Grupo Cerrado do Breacc com a cônsul-geral do Brasil em Londres, Maria de LujanFotografia: Beth Kress
Durante a visita da Cônsul-geral do Brasil Maria de Lujan ao Breacc no dia 11 de junho 2016, ela concedeu uma entrevista especial aos alunos do Grupo Cerrado. O grupo é formado por adolescentes e tem como objetivo principal a preparação para os exames do GCSE em Português, organizado por bancas examinadoras britânicas. As perguntas enfocaram desde preferências pessoais, como comida e o clima inglês, à situação política do Brasil e o referendo acerca da União Européia. Segue abaixo a íntegra da entrevista.

O que a levou a senhora a escolher essa profissão?

Durante o período em que estava na universidade estudando Direito no Rio Grande do Sul, tive um professor que falava sobre as várias possibilidades de carreira para os formandos em Direito. Uma das carreiras que ele comentou foi a carreira Diplomática. Fiquei interessada e depois da aula o procurei com a intenção de saber mais sobre a Diplomacia e a partir dali, conduzi meus estudos para essa profissão.

Em que outros países a Sra. já trabalhou como Diplomata?

Depois de iniciar a carreira eu trabalhei em Los Angeles nos Estados Unidos, depois fui para o Quito, no Equador. Em seguida, voltei ao Brasil e fiquei em Brasília por um período antes de voltar para Los Angeles, nos Estados Unidos. Depois, fui para a Costa Rica, voltei para o Brasil novamente, e por fim Londres.

A senhora gosta do frio da Inglaterra?

Gostar eu não posso dizer que gosto. Gosto do sol, da luz e dos dias quentes, embora eu tenha nascido em um lugar no Brasil onde faz bastante frio – eu nasci no Rio Grande do Sul –, aqui o que mais sinto falta é da luz. Temos dias muito escuros na maior parte das vezes, mas acho que já me acostumei. Eu geralmente fico em Brasília onde o sol é intenso. Quando você for lá você vai var.

Foi difícil aprender outras línguas?

Na verdade, não. Eu comecei estudando francês porque achava que por se parecer um pouco com o português seria mais fácil. Depois fui estudar inglês, acho o inglês mais difícil de aprender, como acredito que seja difícil para vocês aprenderem português. Por último estudei espanhol.

Qual a melhor coisa que já te aconteceu como cônsul-geral?

Essa pergunta é difícil. Muitas coisas durante todo esse tempo. Acredito que o grande momento foi a entrada na carreira Diplomática. Tenho 30 anos de carreira, mas lembro que depois que fiz o Concurso no Instituto Rio Branco no Rio de Janeiro e consegui entrar, ali foi o momento mais marcante, mas claro, muitas outras coisas boas me aconteceram durante esse período, como conhecer outros lugares, outras culturas e quando recebi a minha última promoção também foi um momento muito especial, porque, quando você trabalha em algo que gosta e chega ao top da carreira, é um prêmio e mostra que você fez tudo certo. Então a entrada na carreira e a promoção para me tornar cônsul-geral em Londres foram os momentos mais marcantes da minha carreira.

O que a senhora pensa da situação política no Brasil agora?

É uma situação complicada, Como vocês devem saber, houve um problema muito grande de desvio de verbas e corrupção então a presidente foi afastada e temos um presidente em exercício. Vivemos um sentimento de insegurança, mas um momento de esperança que o presidente em exercício consiga fazer o país voltar a crescer.

A senhora fala muito português?

Sim, no trabalho do Consulado a maior parte do tempo eu falo em português. Nós temos um serviço de visto para estrangeiros, e às vezes eu preciso falar em inglês, mas a maior parte do tempo eu falo em português.

A senhora acha difícil organizar o seu trabalho?

Para mim a organização não é difícil. Sou uma pessoa muito organizada. Lembro do meu pai a me fazer perguntas do tipo, “por que não colocou o livro de volta na estante?”. Pode ser que seja difícil para outra pessoa ao vir trabalhar comigo, mas para mim não. A organização faz parte da minha rotina.


Durante seu trabalho a senhora já viajou por muitos lugares e com certeza já comeu muitas comidas diferentes. Qual a sua comida favorita?

Ah, essa pergunta é a mais fácil (risos), chocolate! Claro que já experimentei muitas comidas nos diversos lugares por onde andei, mas gosto de um bom bife à milanesa com a casquinha bem crocante e uma boa carne. Como sou gaúcha, gosto muito de carne, mas arroz e feijão também.

A senhora disse que nasceu no Rio Grande do Sul, mas em qual cidade a senhora nasceu?

Eu nasci em Santa Maria, é uma região bem central no Rio Grande do Sul, mas só vivi lá até os dois anos de idade, quando meu pai foi transferido para Porto Alegre, onde cresci e vivi até os 22 anos. Depois fui para o Rio de Janeiro, onde prestei o concurso do Instituto Rio Branco. Foi no Rio de Janeiro onde conheci meu marido, e depois fui morar em Brasília.

Qual seria o seu conselho para superar as dificuldades na sua profissão?

O meu conselho é sempre manter a calma, encontrar uma solução o mais rápido possível e resolver o problema. Eu costumo dizer também que beber muita água é fundamental e bom humor. Esse é o meu conselho.


O que a senhora acha melhor para os brasileiros no Reino Unido, ficar ou sair da União Européia?

Achei que já tinha respondido à pergunta mais difícil [risos]. Eu não tenho uma resposta para você. Eu entendo que há vários motivos que justificam ficar na União Européia, mas ao mesmo tempo há vários argumentos contra. Mudar é sempre um risco, e é preciso ver se vale a pena correr este risco. Eu entendo que as duas coisas tem lados positivos e negativos. Mas eu acho que o melhor é deixar o povo britânico decidir o que eles acham que seja melhor para eles.


A senhora falou que a sua “comida” preferida é chocolate, mas qual o seu tipo de chocolate preferido?

Chocolate preto. O “dark” chocolate é o meu preferido. Não consigo explicar por quê. E eu gosto do chocolate simples, sem licor, sem frutas, sem castanhas, nada. Só o chocolate mesmo. E sempre preto, não gosto de chocolate branco, não me pergunte por que, mas não gosto.

Ao final da atividade com o Grupo Cerrado, a cônsul-geral disse,

Fiquei impressionada com o pensamento crítico das crianças.”

Leiam a cobertura completa da vista da cônsul-geral ao Breacc no dia 11 de junho de 2016.

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